quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CULTURA BÍBLICA : EVANGELHO DE MARCOS – O PRIMEIRO EVANGELHO A SER ESCRITO—PARTE I

De fato, notícias boas nos tocam, nos animam, mexem conosco. Mas, antes de tudo, queremos ter a certeza de que essas boas notícias venham de uma fonte confiável. Nossa tendência inicial é nos resguardar, não acreditar a princípio, porque se as mesmas não tiverem fundamento a alegria inicial pode se transformar em decepção e frustração. Queremos, então, conhecer melhor a origem e a autenticidade da sua mensagem. De posse da autenticidade da “boa nova” acreditamos e damos então vazão plena aos sentimentos. A certeza da nossa salvação, baseada na credibilidade da mensagem redentora de nosso Senhor Jesus Cristo, é que nos traz a conseqüente alegria e a espontaneidade em demonstrá-la. Afinal, fomos criados para o louvor da sua glória. É também um estado de regozijo que se fundamenta não só na veracidade da mensagem, mas também em seu conhecimento. De nada adiantariam haver milhares de motivos pelos quais poderíamos nos regozijar e nos tornar felizes, se deles não tomássemos conhecimento. Afinal, “A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm 10.12b). Se conhecer a palavra é fundamental, estuda-la é o fundamento através do qual teremos condição de anunciar ao mundo a razão de nossa fé, que explica a alegria e regozijo que demonstramos em nossos cultos. Afinal, não há como compartilhar um evangelho (Boas Novas) com alguém a menos que o conheçamos suficientemente para sermos convincentes na mensagem que transmitimos.Uma das facetas do Projeto Videira é exatamente este de que estamos falando: incentivo à leitura e estudo da Bíblia e por extensão, participação da escola bíblica dominical.

O Evangelho segundo Marcos—Parte I (Contribuição de José Maria Vidal)

Marcos, conforme Papias, que viveu no segundo século, foi provavelmente natural de Jerusalém e é o autor deste primeiro evangelho. Filho de Maria, mulher de posses e de relevância na sociedade, cuja casa estava aberta aos cristãos primitivos (cf. At 12.12), e primo de Barnabé (Cl 4.10), acompanhou este e Paulo na primeira viagem missionária. Testemunhos dos chamados Pais da Igreja mostram que Marcos acompanhou Pedro a Roma e escreveu este evangelho a partir das pregações do mesmo (Pearlman, 2004). Sua conversão foi, por sua vez, fruto da pregação de Pedro, por quem é chamado de filho (I Ped 5.13), e de quem se percebe a influência neste evangelho que, de acordo com os estudiosos, foi escrita entre 50 e 70 d.C. (Mears, 2003). A leitura de Marcos nos mostra que este evangelho foi escrito para não judeus (gentios) uma vez que seu texto procura explicar alguns costumes judeus (cf. Mc 7.3-4), não se preocupa em citar genealogias nem referencias do AT quanto ao cumprimento de profecias, não alude ao nascimento e infância de Jesus, não cita raízes de sua crença e nem se atém a dogmas judaicos. Nele, Marcos identifica Jesus Cristo como um servo, conforme Mc 10.45: “Pois o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos”. Um servo sim, todavia divino e poderoso, uma vez que teve o cuidado de registrar dezoito de seus milagres, embora tenha registrado apenas quatro de suas parábolas.Algumas características deste evangelho indicam que foi direcionado aos romanos: a) seu estilo resumido, descrição de cenas movimentadas típicas de um povo enérgico e ativo como os romanos, o uso repetido de palavras como “logo”, “imediatamente” e “em seguida” nos dão a idéia de ação e prontidão militar, além de Jesus ser apresentado como um conquistador poderoso; b) o dinheiro é citado em moeda romana; c) a divisão do tempo é também romana.No período de 60-70 d.C. os cristãos de Roma eram perseguidos e muitos foram torturados pelo imperador romano Nero. Neste contexto, como um dos líderes eclesiásticos em Roma, Marcos foi movido pelo Espírito Santo a escrever este Evangelho, como uma resposta pastoral a tal perseguição. O objetivo era fortalecer a fé dos crentes romanos e inspirá-los a sofrer fielmente em prol do evangelho, oferecendo-lhes como modelo a vida, o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Elaborado para o INFORME VIDEIRA POR José Maria Vidal

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